Hoje entraremos em uma área nova da farmacologia, a farmacodinâmica. Em sumo, ela pode ser entendida como "o que o fármaco faz com o organismo", ou seja, eventos relacionados a interação do fármaco com o seu receptor.
A primeira informação que devemos saber para entender a fármaco dinâmica é que a célula não poderá desenvolver uma 'nova função' por causa de um estímulo externo, uma célula epitelial não poderá secretar insulina, por exemplo, pois não foi 'programada' para isto.
Outra questão primordial é entender o gráfico da farmacodinâmica. Ele tem como objetivo relacionar a dose ao efeito do fármaco. Posteriormente explicarei melhor o motivo pelo qual devemos conhecer e saber interpretá-la.
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Gráfico da farmacodinâmica. |
Um dos princípios básicos da farmacologia diz que as moléculas dos fármacos precisam exercer uma influencia química sobre um ou mais constituintes das células para produzir uma resposta farmacológica. Para que os efeitos ocorram é preciso que haja uma distribuição não uniforme das moléculas do fármaco dentro do corpo ou tecido, ou seja, as moléculas precisam ligar-se a constituintes específicos.
"Corpora non agnunt nisi fixata" - Ou seja, Um fármaco (em geral) não agirá a menos que esteja ligado. (Ehrlich)Estes sítios de ligação são conhecidos como alvos farmacológicos, ou seja, aonde ele irá atuar. Existem 4 tipos de principais proteínas que atuam como alvos farmacológicos; Receptores, enzimas carreadores e canais iônicos. Os receptores são moléculas proteicas cuja função é reconhecer os sinais químicos e responder a eles.
Para que um fármaco seja útil como instrumento terapêutico ou cientifico ele precisa agir de forma seletiva sobre determinados receptores, ou seja, precisa possuir a especificidade. A capacidade de reconhecer e ser reconhecido por um receptor é de primeira importância para a ação de uma droga.
A afinidade é o que determina se o fármaco e o receptor vão ou não ficar ligados, está diretamente relacionada ao tipo de ligação entre ambos. Esta característica também pode ser definida como a potência de uma droga, se ela for mais potente ficará ligada mais facilmente.
A atividade é determinante da eficácia do produto, se tiver atividade desempenhará uma ação. Será um agonista (posteriormente voltarei neste assunto). Eficácia apenas é considerada nestas condições. Agora voltemos ao gráfico...
Observe os 3 fármacos acima, a,b e c. Perceba que o fármaco a consegue um efeito de 100% com uma dose relativamente baixa, podemos considerar então que este é o que apresenta maior potencia. O fármaco b, por sua vez apresenta menor eficácia. Por fim, o fármaco c, apresenta a menor potencia.
Um fármaco pode ativar o receptor de várias formas, dentre elas podemos ressaltar a ligação em um receptor na membrana da célula e modulação de canais iônicos. Em relação às ações, um fármaco pode modular a proteína G (Adenilil Ciclase, fosfolipase C, Calmodulina) ou modular enzimas (Tirosina cinase, MAP cinase, e Janus cinase) além da sua ação intracelular.
Se um fármaco tiver Especificidade + Afinidade + Atividade ele será considerado um Agonista.
Os Antagonistas possuem especificidade + afinidade .
Se a eficácia do fármaco for = 1 (igual a um) ele é chamado de agonista. Caso ela seja <1 (menor que um) e >0 (maior que zero) é conhecido como agonista parcial. Caso a eficácia seja =0 (igual a zero) este fármaco será um antagonista.
A segurança de um medicamento também é um ponto imprescindível a ser tratado, e é determinado pelo índice terapêutico (IT). Este índice pode ser simplesmente calculado, colocando-se a Dose Letal para 50% das pessoas ( DL50 ) sobre a Dose Eficaz para 50% das pessoas (DE50). O resultado desta divisão será o número de doses que uma pessoa poderá ingerir no máximo.
Por exemplo, consideraremos a DL50 de certo fármaco 200mg e a DE50 do mesmo 40mg. 200/40 = IT ---> IT=5 doses.
Utilizando o senso crítico sobre esta situação, podemos ver que esta droga não é segura, visto que 5 doses é um numero baixíssimo, que facilmente uma pessoa poderia se intoxicar gravemente, levando-a a morte.
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